Mortal Kombat: Correr riscos para alegrar os fãs

 Mortal Kombat procura trazer nova vida a uma saga que saiu do cinema há praticamente trinta anos...e saiu com estrondo. Depois de um primeiro filme relativamente bom, foi premiado com uma sequela francamente má. Quando se soube que a Warner Bros estava a preparar um reboot para 2021 colocou muita curiosidade no público. Simon McQuoid, o realizador, não perdeu muito tempo com worldbuilding e a familiarizar o espectador com o lore da saga. Mortal Kombat É um filme para fãs primeiramente, quem não for precisará de se preparar previamente.


Os primeiros dez minutos são absolutamente fenomenais e ditam o tom que vamos assistir ao longo filme. Violento e respeitador do lore da saga. Toma uma abordagem diferente daquela que seria de esperar, não salta directamente para o torneio, não perde tempo com desenvolvimento de personagens clássicas como Liu Kang ou Sonya Blade. Como disse, é um filme para conhecedores e fãs. A introdução de Cole Young, o protagonista criado especificamente para o filme, é feita de uma forma natural. Sem querendo dar spoilers, até porque os primeiros minutos do filme estão disponíveis online no YouTube, o combate inicial entre Hanzo Hasashi e Bi Han é tudo aquilo que podemos esperar: rápido, complexo, violento e estupidamente bem coreografado. A cena ser falada nas línguas nativas de Scorpion (japonês) e Sub-Zero (chinês) torna tudo mais especial.


Visualmente o filme é impressionante, a equipa de efeitos caprichou. Há alguns problemas com o visual do Goro mas é um problema menor e facilmente ultrapassável. A nível de som também impressiona tornando o filme uma excelente experiência a nível audiovisual. Benjamin Wallfisch foi encarregado de compor a música e não desaponta. É, inclusivamente, a melhor coisa do filme. A forma como o britânico adaptou o tema clássico para uma versão mais actualizada é incrível, vale a pena ouvir.


Não há Shao Kahn, nem Quan Chi nem outros personagens clássicos e importantes. E no trailer muitos se queixaram com a ausência de Johnny Cage, um dos personagens mais emblemáticos da saga, mas não há razões para alarme. O filme aborda esse tema também, não se preocupem.


Nem tudo é, no entanto, positivo. Mortal Kombat continua a ter os mesmos problemas que assolaram os originais, especialmente o segundo. O diálogo continua incoerente. É um claro upgrade em relação aos clássicos dos anos 90, não tenham dúvidas disso, mas continua fraco em muitas situações. Mas também algo que acredito que seja solucionável para as possíveis sequelas (que acredito que surjam dada a recepção positiva que o filme está a ter por parte do público).


O filme não consegue fazer aquilo que Detective Pikachu e Sonic fizeram: quebrar a maldição das adaptações de jogos para cinema. Ou se faz, não ao mesmo nível.


Mortal Kombat está nos cinemas desde dia 19, e assim que puderem vão ver. Não vão ficar desapontados.

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