O Contra-Ataque de Mewtwo



Texto por: Bruno Correia.


Segunda metade do ano 2016, o mundo é invadido por uma febre virtual. A moda de se pegar no telemovel, por sapatos de caminhada, e ir atras de drops aleatórios obtidos por um algoritmo em pontos geográficos à tua volta. Até eu, o preguiçoso que só costuma sair de casa para entrar no carro e ir para o café falar do dia a dia e filmes que acabam às vezes aparecer aqui, acabei por sucumbir à necessidade de ligar o telemóvel, por sapatos mais confortaveis para caminhadas, e parti sozinho, ou às vezes com companheiros ao meu lado, “à procura do meu destino”. Sim, já se aperceberam, estou a falar de Pokémon.

Sim, admito que às vezes me olho ao espelho e penso “o idiota que pareces agora”, mas como explicação do meu comportamente, é necessário recuar vários anos, vários jogos, vários filmes, e vários cruzamentos de franchises. Vamos retomar ao inicio de pokémon. Resumidamente, Ash, o preguiçoso, no seu primeiro dia, chega ao laboratório do Professor Oak (acho que na versão portuguesa chegaram a lhe chamar de Carvalho, não tenho a certeza, mas fica absolutamente português). Ao chegar atrasado, encontra que já levaram o trio de starters que uma pessoa poderia escolher na primeira versão dos jogos, Bulbasaur, Charmander e Squirtle. Prof Oak apresenta-lhe uma 4ª opção, que andava a estudar. Um pikachu. Um pokémon inicialmente revoltado e desobediente, que após algumas crises em conjunto, criam uma ligação e que perdorou durante temporadas onde aparece o Ash como treinador principal (houve uma entre a 2ª e a 3ª geração que eram histórias extras, e mais recente fizeram uma temporada especial de 4 episódios, entitulada Pokémon Origins, apenas disponivel online, que relata alguns eventos da personagem inicial do franchise de Pokémon, o treinador Red, nos jogos pokémon Red e Blue, que foi substituido por Ash no pokémon yellow, e o seu rival Blue, que foi substituido pelo Gary.)

Em 19 de Março de 2000, estreia em Portugal o primeiro filme de Pokémon, conhecido pelo titulo em inglês como Pokémon: The First Movie: Mewtwo Strikes Back. Em teoria, se a memória não me falha, é a segunda evidência da presença de Pokémons lendários (no final do primeiro episódio, após Ash e Pikachu estabelecerem a sua amizade, ambos visualizam um Pokémon grande voador que deixa um arco-íris na sua passagem após de uma tempestade, o lendário pokémon Ho-Oh que só foi confirmado na segunda geração ao lado de outro Pokémon mencionado mais tarde neste artigo, mas voltando ao importante), mas uma das mais importantes, Mew e Mewtwo. Mew um pokémon lendário a qual o ADN é encontrado por um conjunto de cientistas numas ruinas antigas. O fóssil que contém o ADN do Mew é levado para estudo na base secreta dos “mauzões”, a famosa Team Rocket, a serviço do Giovanni (com o ar de chefe da mafia), é estudado e clonado, criando um novo Pokémon, um Pokémon que ninguém alguma viu. O Mewtwo.

Mewtwo, após alguns dias de ser usado para batalhas no ginásio, que Giovanni usava como disfarce e onde se visualiza Gary, rival de longa data de Ash a ser derrotado, começa a reflectir sobre o seu propósito no mundo, e revolta-se com a resposta de Giovanni e entra em modo berserk, ou seja, destrói o laboratório, transmitindo a primeira mensagem do filme, uma mensagem de revolta contra o poder lucrativo para si próprio, que não és inferior e que não existe só para obedecer.

O foco do filme volta para Ash, na sua jornada de ser o melhor treinador de pokémon, talvez o cliché que já todos estão habituados, e após a sua batalha amigável ao som da letra que todos conhecem, na pausa de almoço, recebe correio áereo (um dragonite a fazer de pombo correia, isso é que é VIP) convidando-o e ao resto do grupo para um local especial onde vive o MELHOR TREINADOR DE POKÉMON, mas a viagem não é assim tão simples. Que melhor do que fazer uma tempestade que aparece do nada para encurtar a selecção?
“Yes. The world's greatest Pokémon master is also the most powerful Pokémon on Earth. This is the ruler of New lsland and soon the whole world.” Ao contrário de uma boa parte de filmes e história daqui para a frente, o “vilão” não é um ser humano. Depois da conversa amigável, vemos a Team Rocket mete o nariz onde não deve, mas descobre o centro de clonagem do Mewtwo e descobre sobre o que está a acontecer. E as evoluções do primeiro trio de favoritos com marcas de guerra pelo corpo. O quanto fixe era aquilo?

Ao longo do filme vemos uma outra mensagem, a mensagem de amizade construida entre os treinadores e os pokémons, que apesar de haver clones somos todos iguais, que um miudo eternamente com 10 anos (yeah, teoricamente o Ash ainda tem 10 anos, a idade a qual começou a sua jornada) tem mais coragem que muitos dos outros treinadores, que lutas de lendários são bastante melhores do que as normais, e já agora uma coisa que me irrita um pouco, não só ao rever este filme mas também ao ver pessoal a jogar pokémon go porque está na moda: eu não tenho nada contra jogarem o jogo porque está na moda, é bom para companhias, sobretudo se for uma companhia indie que está a começar, apesar de este não ser o caso, mas por favor, aprendam os nomes dos Pokémon. É que eles usam um Scyther ...

... e chamam-lhe Alakazam! Não é igual porra! Mas é o que dizem no filme, podem verificar.
Actualmente, já não visualizo os episódios recentes de Pokémon, por isso não sei dizer o que acontece nos “intervalos” mas pelo menos, na primeira temporada, adorava o quiz “who is that Pokémon?”, e este momento é delicioso por imitarem esse quiz, apesar de errarem logo no primeiro, mas possivelmente é um simples erro de guião.

Durante o confronto entre os pokémon, Ash testemunha o confronto e tristeza que paira no ar e decide que isto tem de parar, e num acto de sacrificio ele impõe-se no meio dos ataques de grande poder entre Mew e Mewtwo que se preparam para o ataque para acabar com tudo. A colisão dos dois ataques deixa Ash feito em pedra (whaaaaaat?) e assisti assim talvez um momento bastante trista da minha infância, Pikachu a usar Thundershock para tentar acordar Ash, e começa a chorar porque não resulta, e todos os pokémon, normais e clones, começam a chorar, e eu começo a chorar, e as lágrimas transmitem um poder misterioso que trás Ash de volta À vida e uma luz cai de cima para um acto milagroso, e agora eu, e possivelmente outras almas choram de felicidade. Mewtwo reflecte sobre o que aconteceu, e o sacrifico de Ash, e o seu coração cresceu 3 vezes maior, e mostra uma luz brilhante e apaga as memórias de todos (hum, onde é que será que eu já vi estas coisas acontecer antes... curioso...).
Ash volta a ser o único a ver um pokémon super raro a voar e a servir de presságio que a sua aventura será mágica e cheia de desafios e possivelmente sucessos misteriosos pela frente. Ash, you lucky bastard.

Uma curiosidade sobre este filme, quando foi lançado nos cinemas, havia uma oferta às primeiras pessoas que iam ver o filme. Recebiam uma carta especial do Mew, com letras que não se conseguiam ler e desenho baseado no desenho das runas que é visualizado várias vezes ao longo do filme quando se fala da exploração. A carta em si não é legal em torneios, e como percebo um pouco de Trading Card Games, deve haver malucos que colecionam isto e possivelmente em molduras. Mas a importância desta carta fica para mais daqui um bocado.

Já agora, antes de me despedir, quero fazer duas pequenas referências: primeiro ao James, Jessie e Meowth da Team Rocket que se aplica não só aos filmes como à série também até os dias de hoje. Quem era novo e viu Pokémon, também deve ter visto Power Rangers desde a primeira temporada conhece o Skull e Bulk. Skull e Bulk começaram como puros rufias, mas pouco a pouco vemos que o lado bom surge mais forte neles em momentos de grande desafio e necessidade. Em segundo lugar, Brock. Brock, o “mulherengo”, que se apaixona por todas as mulheres bonitas que aparecem à frente, merece uma salva de palmas por um factor. Todos nós conhecemos a Officer Jenny e Nurse Joy, e a quantidade de vezes que elas aparecem. Mas não é a mesma que aparece sempre. É literalmente uma grande quantidade de irmãs que se parecem igual umas às outras, e Brock consegue distingui-las todas. Isso é impressionante.

“Disturb not the harmony of Fire, Ice, or Lightning lest these three Titans wreck destruction upon the world in which they clash. Though the water's Great Guardian shall arise to quell the fighting alone its song will fail. Thus the Earth shall turn to ash. O, Chosen One, into thine hands bring together all three. Their treasures combined tame the beast of the sea.”

Pokémon 2: The Power of One, estreou a 15 de Dezembro de 2000, também conhecido como Pokémon 2000, apresenta uma continuidade à importância dos pokémon lendários e as acções de Ash Ketchum (ou Satoshi em japonês), de Pallet Town, como se pode visualizar no resto dos filmes e temporadas. Para mim isto foi um dos últimos filmes com importância, dando algum desconto a factores de certos filmes que começaram a ser importantes para a história e lendas e plot do mundo de pokémon e jogos.

Como o primeiro filme, existem também mensagens na demonstração desta aventura. Após a leitura da placa da lenda, consegue-se ver um homem numa plataforma voadora a falar com o seu computador sobre os pokémon referidos na placa, prosseguindo para a captura de Moltres, o pokémon voador lendário de fogo. Ao capturar Moltres, cria uma falha no balanço criado pelos três pokémon lendários voadores, Moltres, Articuno e Zapdos, vivendo cada um na sua respectiva ilha, sem se chatearem uns aos outros. Esse desequilibrio cria pertubações na natureza, como se pode assistir no filme. Neve em pleno verão, mar agitado, tempestades, pokémon todos agitados e a moverem-se em direcção de algo. Por isso equilibrio na vida é essencial.

 Mas o plano deste homem não é simplesmente estes 3 lendários, mas sim fazer a besta dos mares surgir do seu esconderijo, Lugia, e por minhas contas, o 7º lendário mencionado. Se nesta altura achava que a quantidade de lendários era um bocadinho a puxar do razoável, não imaginava o que ia acontecer para a frente.

Este homem é uma personagem curiosa. Não necessáriamente um mau da fita, com a personagem Giovanni, mas sim um pessoa a qual as suas ambições ultrapassaram o nível de razoável de acções a tomar. Lawrence o terceiro, um colecionador, tem ambição de fazer uma lenda, a lenda acima mencionada, se realizar, e ter a prova disso. E mais impressionante é quando visualizamos o primeiro artigo da colecção de Lawrence : uma carta misteriosa e única do Pokémon lendário Mew. Sim, a mesma carta que entregaram aos primeiros clientes dos cinemas ao ver o primeiro filme de pokémon.

Este filme tem um factor de ridiculidade do destino que ultrapassa muitos filmes. Depois da captura de Moltres, uma tempestade atinge o barco onde o Ash e os seus amigos efectuam a sua viagem para mais um ginásio. Vão parar à ilha civilizada do arquipelago onde estão incluidas as 3 ilhas dos lendários voadores. A tempestade acontece durante o festival em honra da lenda. Ash, como treinador de pokémon, é chamado de O Escolhido, e blá blá blá, tens que nos salvar, mas eles não sabem que existe já a crise, e dizem que é uma cena que dizem aos turistas, pikachu agarra no chapéu de Ash e arrasta-o para o barco para ir logo uma das ilhas (ok, neste ponto dou um desconto, porque o professor carvalho diz que os pokémon são mais sensíveis às variações da natureza), e apanham o Zapdos a tentar invadir a ilha de Moltres, e as bolas de cristal reagem ao toque de Ash e Ash é mencionado na lenda... Yep, se nunca viram o filme, reparem na lenda. “Thus the Earth shall turn to ash.” Turn to Ash, ou seja, a terna não irá se tornar em cinzas mas irá depender do Ash (ok, pontos por esta jogada para quem escreveu a história do jogo). Mas começa a ser ridículo tanta coisa acontecer à volta de um míudo de 10 anos. Mas não absolutamente estranho, para quem leu Harry Potter. Mas apesar disto tudo não elimina o interesse pelo filme.

Com a existência de criaturas lendárias voadoras, lendas, artifactos lendários, um “vilão”, um ser que apanha melhor a leitura da natureza, disturbios na natureza, forças misteriosas, comunicação entre outras linguas, a necessidade de equilibrio, plots misteriosos, talvez seja fácil para mim gostar deste filme, considerando o meu interesse por coisas deste género, como livros e histórias e jogos. E pormenores no filme são deliciosos.

Depois das bolas de cristais estarem agrupadas no mesmo local e com a ajuda de uma local das ilhas, Melody, ao tocar uma melodia que aproxima-se do canto natural de Lugia e que efectua ressonância com as pedras à volta do altar onde foram colocado as bolas, é restaurado a paz ao mundo e a harmonia entre os três grandes pássaros, tudo volta à paz, a plataforma voadora despenhada e Lawrence fica a olhar para a sua cartinha e começa a reflectir na sua vida (parece ser um factor que se repete). Mas aqui mostra uma coisa importante : música. Melodia organizada que desde à muitos tempos está presente nas histórias que ouvimos. Desde que seja a cantar, e apresentado como o canto da sereia que atrai marinheiros às rochas da morte, ou flautistas que conduzem os ratos para fora do reino, ou gatos a conquistar os nossos ouvidos com o seu maravilhoso jazz, música é uma arte que enche as almas e que pode até levar-nos a outro estado de espirito. Ou simplesmente acordar-nos para outro dia e sair do meio da estrada. Sim Snorlax, estou a olhar para ti seu preguiçoso.

Por isso, se nunca viste estes dois filmes, vai ver. Se já viste, vai ver outravez. Em pequena nota, se quiseres um pouco mais de sentimentos, procura o filme com o Pokémon lendário Celebi, dá oportunidades de testemunhar uma versão mais antiga de pokébolas, e tens o Carvalhinho em pequenino.

Cumprimentos meus caros, e se querem ir apanhar monstros que ficam no vosso bolso (o nome original de Pokémon era Pocket Monsters), não se esqueçam dos clássicos, do tempo do jogo a preto e branco só com 150 (e um) e dêm uma vista de olhos nos desenhos animados originais.
Abraços



Comentários

Mensagens populares